O CEGO VIU (PARA CRER)
EXTRA
Envie 500 paus para cá e torne-se imortal.
O único periódico que olha por si, lança um projecto inédito pelo qual você se poderá tornar imortal aos olhos dos que cá ficarem ou dos que hão-de chegar. Assim, por essa módica quantia, você será um dos que vai constar na única coluna necrológica a ser lançada depois do holocausto, nuclear ou apocaliptico, que pode ser redigida por si e onde pode confessar todos os seus pecados ou deixar mensagens, testamento, etc., já que todas as cartas se manterão intactas até à altura.
Você poderá perguntar o que é que nós fazemos à nota. Se você sobreviver, não gostaria de ser accionista do BPH, o Banco Pós-Holocausto?
Pois então apresse-se. As inscrições são limitadas.
AOS "DESESPERADOS"
Um western urbano-country. Pradarias Cerebrais Urbanizadas.
Tive a feliz oportunidade de me envolver, há dias, num recambolesco ambiente de um saloom desta cidade, baseado numa açorda acústica produzida por Três Duques, procurando um "Feel Country" (num estado de composição semelhante a uma Anesica de pés, holocausto atómico??!) situado entre Freixo de Espada-à-Cinta e Grandola Vila Morena.
É do conhecimento geral, as bolsas conseguidas por esses sócios no Texas-Porto, de modo a infligirem na pele o ambiente que procuram impingir, alcançando uma péssima mímica oral, que vai desde Beatles a Rão Kyao, digna do nosso ceguinho.
Mas isto não passa de um exemplo da arca de inadaptados, em que estes desalmados se incluem.
TÚLIO FARPA
EXTRA
Envie 500 paus para cá e torne-se imortal.
O único periódico que olha por si, lança um projecto inédito pelo qual você se poderá tornar imortal aos olhos dos que cá ficarem ou dos que hão-de chegar. Assim, por essa módica quantia, você será um dos que vai constar na única coluna necrológica a ser lançada depois do holocausto, nuclear ou apocaliptico, que pode ser redigida por si e onde pode confessar todos os seus pecados ou deixar mensagens, testamento, etc., já que todas as cartas se manterão intactas até à altura.
Você poderá perguntar o que é que nós fazemos à nota. Se você sobreviver, não gostaria de ser accionista do BPH, o Banco Pós-Holocausto?
Pois então apresse-se. As inscrições são limitadas.
AOS "DESESPERADOS"
Um western urbano-country. Pradarias Cerebrais Urbanizadas.
Tive a feliz oportunidade de me envolver, há dias, num recambolesco ambiente de um saloom desta cidade, baseado numa açorda acústica produzida por Três Duques, procurando um "Feel Country" (num estado de composição semelhante a uma Anesica de pés, holocausto atómico??!) situado entre Freixo de Espada-à-Cinta e Grandola Vila Morena.
É do conhecimento geral, as bolsas conseguidas por esses sócios no Texas-Porto, de modo a infligirem na pele o ambiente que procuram impingir, alcançando uma péssima mímica oral, que vai desde Beatles a Rão Kyao, digna do nosso ceguinho.
Mas isto não passa de um exemplo da arca de inadaptados, em que estes desalmados se incluem.
TÚLIO FARPA
TNX PER CALL.
Funchal 14 de Maio de 1985
"Caros amigos desconhecidos" (...) também eu sou um exilado.
Aqui vai um recado meu:
"Sobre a fogueira
dançam nobres guerreiros.
Cadáveres
ondas saudosistas assolam o claustro nocturno.
Assobiando este ritual
onde a fé
apenas existe onde não está.
Soltemos gritos loucos,
gritos suaves mas loucos!
No mesmo sítio
situam-se as quadras revoltadas
de um pássaro, de uma borboleta
ritualizada e desmembrada
pétala por pétala
grão por grão.
Os sonhos cruzam-se
no seio da solidão."
António Domingos
Funchal 14 de Maio de 1985
"Caros amigos desconhecidos" (...) também eu sou um exilado.
Aqui vai um recado meu:
"Sobre a fogueira
dançam nobres guerreiros.
Cadáveres
ondas saudosistas assolam o claustro nocturno.
Assobiando este ritual
onde a fé
apenas existe onde não está.
Soltemos gritos loucos,
gritos suaves mas loucos!
No mesmo sítio
situam-se as quadras revoltadas
de um pássaro, de uma borboleta
ritualizada e desmembrada
pétala por pétala
grão por grão.
Os sonhos cruzam-se
no seio da solidão."
António Domingos
PORTO em busca da alternativa - I
O Porto, cidade culturalmente sensível e palpitante, vive, nos dias de hoje, uma incondicional adesão ao vanguardismo criativo. A criação artística, inspirada em padrões "importados" e adaptados ao nosso meio social, urbano, toma consciencia e expande-se a todo o burgo e, daí, para o exterior. Condicionados por distintas formas de existência, motivados por uma necessidade de justificar a sua passagem por este mundo, por um querer ser ou, tão sómente, querer parece-lo (confundir-se) ou, até, apenas por fins puramente especulativos, que não gratuítos, os artistas contemporâneos criam, promovem e impõe-se, ou são rejeitados.
As obras plásticas - pintura e escultura - mais arrojadas e aliciantes são as regularmente patentes em galerias como a Roma e Pavia, o Espaço Lusitano e, mais intervaladamente, na Cooperativa Árvore. A arte com vídeo, ainda pouco notada, vai também começando a definir contornos de continuidade, mas sem pontos de referencia que possam já ser apontados. Bem implantado, ainda que com muitas falhas e más interpretações da modernidade, a (arte da) confecção de vestuário, económicamente importante, não arrisca muito em termos criativos, com alguma culpa da parte dos consumidores que são geralmente pouco arrojados. É certo que, para alguns poucos, as excepções foram previstas e facultadas, ainda que impliquem um custo final bastante mais elevado. Os locais de encontro e convívio, que são muito poucos (é virar os olhos para o país vizinho e apreciar o pulsar de qualquer localidade...), resumem-se quase exclusivamente a uma ou duas discotecas (muitas há...) e, especialmente, a uma taberna da baixa, ainda com poucos meses de existencia que, do pouco e mau, é razoavelmente a melhor. No Moínho de Vento, que conscientemente aconselhamos, os artistas, músicos, intelectuais e curiosos ou naufragos reunem-se para contar as novidades do dia ou da semana, para discutir os seus projectos e para beber um copo. Assim mesmo, é de opinião generalizada que a música ambiental tem melhorado, ainda que se passe o tempo a ouvir sempre a mesma. Aqui, ou em locais como este, é que as pessoas se continuarão a encontrar para criar e promover coisas novas.
Deste Porto sombrio saem também os músicos, as bandas que, pela sua coerencia generalizada, tem vindo a suscitar um atento interesse. Entre elas encontram-se os Ban, Culto da Ira, Neo-Mono-Var e Bramassaji, a quem se dedica o resto desta primeira viagem. No próximo número, e a título conclusório, acompanharemos os GNR, Prece-Oposto, Martinis e Smach.
BAN
Ban com a "alma dorida", mas com vontade e força de prosseguir. Ban, ex-Bananas, mudança de projecto, mudança de nome. Saído do projecto Ban, um mini-Lp, "Alma Dorida" (1984).
"Alma Dorida" revela uma banda com vontade e algumas pretensões. "Alma Dorida" é mais do que um dos muitos trabalhos portugueses, serventes na sua grande maioria do consumismo e da mediocridade.
Os Ban denotam uma grande coesão (pelo menos aparente). Trabalho humanizado, caracterizado pela melancolia e alguma tristeza que os envolve. Guitarras de grande sensibilidade melódica, muito bem elaboradas e executadas; bateria forte, não violenta, no entanto com a vitalidade necessária; o baixo, eficiente, preocupado e bem conseguido; a voz, triste, melancólica, de alma dorida.
Mas os Ban não ficam "doridos" e desistentes. Novos folegos vêm aí, e pelo que nos foi dado ouvir, a evolução é uma realidade. Banda que não renega, neste trabalho, algumas influencias (o que até é positivo).
Mas eles não ficam por aí, partindo em busca de novas sonoridades, em busca de um som verdadeiramente próprio. Ouçam "infância" e descubram um pouco mais da música que se faz em Portugal. E os músicos são sómente pessoas!
CULTO DA IRA
Os Culto da Ira são uma das bandas que ao longo dos (últimos) tempos tem vindo a efectuar diversos concertos. Não o acontece por acaso.
Quem pôde ouvir e ver algum dos concertos desta banda pôde presenciar uma certa agressividade, intencionada e conseguida. Para quem teve a possibilidade de ver todos os concertos poderá ter observado uma evolução bastante notória, em particular do guitarrista e do vocalista. Banda que rejeita catalogações, embora não possa deixar de encontrar certos traços, característicos de certo movimento e tendencia do rock moderno.
É realmente uma das bandas que deixou já de ser 1ª esperança, para se tornar numa certeza. A agressividade, a força da banda, são provas disso, agressividade também bem patente nas palavras, forma de expressão aliada à música que são desprezadas na sua grande maioria, pelas bandas portuguesas. Não se podendo considerar que os Culto da Ira são das bandas que mais trabalham as palavras, não se pode deixar de considerar que o seu objectivo principal como meio de dar forma ao ambiente é largamente conseguido.
O apreço a quem o merece e só a quem o merece. Culto da Ira, banda que muito deve ter para mostrar (deverá ler-se "tocar").
NEO-MONO-VAR
Neo-Mono-Var, existindo como banda há dois anos, começaram a ensaiar regularmente apenas cerca de um mês antes da sua apresentação no II Ciclo de Novo Rock, em Dezembro de '84. A banda era, então, constituída por Eduardo Correia e Fernando Rocha (guitarras), Zé Marques (baixo), Quim Coutinho (bateria) e Zé Carlos/"Dr. Puto" (voz).
Tendo como ingredientes fundamentais duas guitarras, ora melodiosas, ora agrestes (agora reduzidas a uma, com a abalada para Inglaterra de F. Rocha), e uma voz provocante, por vezes mesmo perturbante, criam temas, sobretudo, ambientais. Essa música, bem conseguida, não será grandemente modificada com a recente alteração da formação.
O grupo procura agora a originalidade, visto que, sobretudo a nível de guitarra, ainda se notam algumas influencias marcantes. No entanto, a grande falha da banda é, sem dúvida, a da incoerência das letras, escritas (à excepção de "Mil Mulheres", do Dr. Puto) por Eduardo Correia. Segundo o seu autor, estas "não tem grande lógica. São mais um conjunto de frases, construídas sobretudo com base no soar das palavras, no ritmo". Para eles as palavras vêm em segundo lugar, interessando-lhes mais transmitir algo através da música que constroem.
Como projectos a médio prazo, contam-se a continuação de actuações e uma possível gravação de um vídeo-clip. Resta-nos esperar que alguma editora se lembre deles. Que toquem muito ao vivo, para que os possamos aplaudir. São uma grande esperança para 1985.
BRAMASSAJI
Ano e meio de vida faz uma tão curta história, como curtas (escassas) são as linhas que sobre eles escrevemos. Durante toda a sua existencia limitaram-se a tocar "para os amigos" e a chorar a falta de aparelhagem que, vendo bem, não é tão pouca como isso. Armando Coelho (guitarra), Carlos Vieira (guitarra e voz), Pedro Gonçalves (baixo) e Fernando Guedes (bateria) compõe aquele que foi um dos grupos apurados para o 2º Concurso de Música Moderna do RRV (classificando-se com 44 pontos, em 135 máximos).
Falar dos Bramassaji é um pouco como falar de muitas outras bandas de quem se ouve falar durante algum tempo e que, depois, voltam à penumbra. E por aí ficam, até se transformarem em cinzas.
Fomos assistir a um ensaio, que não foi mais do que a passagem ao vivo do que ouvimos em cassete. E não há muito mais para dizer: falta de técnica bastante visível, notório sub-aproveitamento dos instrumentos. Apesar de uma certa medíocridade técnica, na prática, salvo alguma repetetividade, têm uma certa força e vontade.
Disseram-nos querer mudar. Até lá não significa que sejam uma banda para ignorar ou esquecer. O que acontece é que ainda não encontraram o verdadeiro caminho.
Bons ventos os guiem!...
Trabalho de: MARCOS ALLEN, PEDRO PASSOS e ALFREDO ALLEN
Introdução e algumas fotos de: LUÍS FREIXO
O Porto, cidade culturalmente sensível e palpitante, vive, nos dias de hoje, uma incondicional adesão ao vanguardismo criativo. A criação artística, inspirada em padrões "importados" e adaptados ao nosso meio social, urbano, toma consciencia e expande-se a todo o burgo e, daí, para o exterior. Condicionados por distintas formas de existência, motivados por uma necessidade de justificar a sua passagem por este mundo, por um querer ser ou, tão sómente, querer parece-lo (confundir-se) ou, até, apenas por fins puramente especulativos, que não gratuítos, os artistas contemporâneos criam, promovem e impõe-se, ou são rejeitados.
As obras plásticas - pintura e escultura - mais arrojadas e aliciantes são as regularmente patentes em galerias como a Roma e Pavia, o Espaço Lusitano e, mais intervaladamente, na Cooperativa Árvore. A arte com vídeo, ainda pouco notada, vai também começando a definir contornos de continuidade, mas sem pontos de referencia que possam já ser apontados. Bem implantado, ainda que com muitas falhas e más interpretações da modernidade, a (arte da) confecção de vestuário, económicamente importante, não arrisca muito em termos criativos, com alguma culpa da parte dos consumidores que são geralmente pouco arrojados. É certo que, para alguns poucos, as excepções foram previstas e facultadas, ainda que impliquem um custo final bastante mais elevado. Os locais de encontro e convívio, que são muito poucos (é virar os olhos para o país vizinho e apreciar o pulsar de qualquer localidade...), resumem-se quase exclusivamente a uma ou duas discotecas (muitas há...) e, especialmente, a uma taberna da baixa, ainda com poucos meses de existencia que, do pouco e mau, é razoavelmente a melhor. No Moínho de Vento, que conscientemente aconselhamos, os artistas, músicos, intelectuais e curiosos ou naufragos reunem-se para contar as novidades do dia ou da semana, para discutir os seus projectos e para beber um copo. Assim mesmo, é de opinião generalizada que a música ambiental tem melhorado, ainda que se passe o tempo a ouvir sempre a mesma. Aqui, ou em locais como este, é que as pessoas se continuarão a encontrar para criar e promover coisas novas.
Deste Porto sombrio saem também os músicos, as bandas que, pela sua coerencia generalizada, tem vindo a suscitar um atento interesse. Entre elas encontram-se os Ban, Culto da Ira, Neo-Mono-Var e Bramassaji, a quem se dedica o resto desta primeira viagem. No próximo número, e a título conclusório, acompanharemos os GNR, Prece-Oposto, Martinis e Smach.
BAN
Ban com a "alma dorida", mas com vontade e força de prosseguir. Ban, ex-Bananas, mudança de projecto, mudança de nome. Saído do projecto Ban, um mini-Lp, "Alma Dorida" (1984).
"Alma Dorida" revela uma banda com vontade e algumas pretensões. "Alma Dorida" é mais do que um dos muitos trabalhos portugueses, serventes na sua grande maioria do consumismo e da mediocridade.
Os Ban denotam uma grande coesão (pelo menos aparente). Trabalho humanizado, caracterizado pela melancolia e alguma tristeza que os envolve. Guitarras de grande sensibilidade melódica, muito bem elaboradas e executadas; bateria forte, não violenta, no entanto com a vitalidade necessária; o baixo, eficiente, preocupado e bem conseguido; a voz, triste, melancólica, de alma dorida.
Mas os Ban não ficam "doridos" e desistentes. Novos folegos vêm aí, e pelo que nos foi dado ouvir, a evolução é uma realidade. Banda que não renega, neste trabalho, algumas influencias (o que até é positivo).
Mas eles não ficam por aí, partindo em busca de novas sonoridades, em busca de um som verdadeiramente próprio. Ouçam "infância" e descubram um pouco mais da música que se faz em Portugal. E os músicos são sómente pessoas!
CULTO DA IRA
Os Culto da Ira são uma das bandas que ao longo dos (últimos) tempos tem vindo a efectuar diversos concertos. Não o acontece por acaso.
Quem pôde ouvir e ver algum dos concertos desta banda pôde presenciar uma certa agressividade, intencionada e conseguida. Para quem teve a possibilidade de ver todos os concertos poderá ter observado uma evolução bastante notória, em particular do guitarrista e do vocalista. Banda que rejeita catalogações, embora não possa deixar de encontrar certos traços, característicos de certo movimento e tendencia do rock moderno.
É realmente uma das bandas que deixou já de ser 1ª esperança, para se tornar numa certeza. A agressividade, a força da banda, são provas disso, agressividade também bem patente nas palavras, forma de expressão aliada à música que são desprezadas na sua grande maioria, pelas bandas portuguesas. Não se podendo considerar que os Culto da Ira são das bandas que mais trabalham as palavras, não se pode deixar de considerar que o seu objectivo principal como meio de dar forma ao ambiente é largamente conseguido.
O apreço a quem o merece e só a quem o merece. Culto da Ira, banda que muito deve ter para mostrar (deverá ler-se "tocar").
NEO-MONO-VAR
Neo-Mono-Var, existindo como banda há dois anos, começaram a ensaiar regularmente apenas cerca de um mês antes da sua apresentação no II Ciclo de Novo Rock, em Dezembro de '84. A banda era, então, constituída por Eduardo Correia e Fernando Rocha (guitarras), Zé Marques (baixo), Quim Coutinho (bateria) e Zé Carlos/"Dr. Puto" (voz).
Tendo como ingredientes fundamentais duas guitarras, ora melodiosas, ora agrestes (agora reduzidas a uma, com a abalada para Inglaterra de F. Rocha), e uma voz provocante, por vezes mesmo perturbante, criam temas, sobretudo, ambientais. Essa música, bem conseguida, não será grandemente modificada com a recente alteração da formação.
O grupo procura agora a originalidade, visto que, sobretudo a nível de guitarra, ainda se notam algumas influencias marcantes. No entanto, a grande falha da banda é, sem dúvida, a da incoerência das letras, escritas (à excepção de "Mil Mulheres", do Dr. Puto) por Eduardo Correia. Segundo o seu autor, estas "não tem grande lógica. São mais um conjunto de frases, construídas sobretudo com base no soar das palavras, no ritmo". Para eles as palavras vêm em segundo lugar, interessando-lhes mais transmitir algo através da música que constroem.
Como projectos a médio prazo, contam-se a continuação de actuações e uma possível gravação de um vídeo-clip. Resta-nos esperar que alguma editora se lembre deles. Que toquem muito ao vivo, para que os possamos aplaudir. São uma grande esperança para 1985.
BRAMASSAJI
Ano e meio de vida faz uma tão curta história, como curtas (escassas) são as linhas que sobre eles escrevemos. Durante toda a sua existencia limitaram-se a tocar "para os amigos" e a chorar a falta de aparelhagem que, vendo bem, não é tão pouca como isso. Armando Coelho (guitarra), Carlos Vieira (guitarra e voz), Pedro Gonçalves (baixo) e Fernando Guedes (bateria) compõe aquele que foi um dos grupos apurados para o 2º Concurso de Música Moderna do RRV (classificando-se com 44 pontos, em 135 máximos).
Falar dos Bramassaji é um pouco como falar de muitas outras bandas de quem se ouve falar durante algum tempo e que, depois, voltam à penumbra. E por aí ficam, até se transformarem em cinzas.
Fomos assistir a um ensaio, que não foi mais do que a passagem ao vivo do que ouvimos em cassete. E não há muito mais para dizer: falta de técnica bastante visível, notório sub-aproveitamento dos instrumentos. Apesar de uma certa medíocridade técnica, na prática, salvo alguma repetetividade, têm uma certa força e vontade.
Disseram-nos querer mudar. Até lá não significa que sejam uma banda para ignorar ou esquecer. O que acontece é que ainda não encontraram o verdadeiro caminho.
Bons ventos os guiem!...
Trabalho de: MARCOS ALLEN, PEDRO PASSOS e ALFREDO ALLEN
Introdução e algumas fotos de: LUÍS FREIXO
SÉTIMA LEGIÃO / HERÓIS DO MAR
no Infante de Sagres - Porto
Com uma assistencia que rondava as 500 pessoas, assistiu-se a um concerto que nunca chegou a ultrapassar o morno. Tal deveu-se, em grande parte, ao facto de tudo se ter passado num pavilhão enorme e cheio de luz diurna, após as 04 da tarde de um domingo.
Que se viu?
- Uma Sétima Legião que continua a desiludir, ao vivo, no Porto, que não consegue atingir o soberbo nível dos seus discos. Talvez por super-produção destes, talvez por desconcentração e infantilidade em demasia, talvez mesmo (o que não acreditamos) por não lhes ser possível melhor. Para se ser, é necessário também o querer. E dá a impressão que a Sétima Legião não quer, tal a disciplência que apresenta em palco, especialmente pelas partes dos gaitista-flautista e percussionista (?!). Há falhas que se aceitam em principiantes, mas não num grupo que é tido (e por nós também) como um dos bons representantes da nova música portuguesa. Que a Sétima Legião medite, e se assuma finalmente na sua verdadeira dimensão.
-Uns Heróis do Mar profissionalíssimos, que impressionaram mais pela força e vida postas na execução dos temas, que pelos temas em si, que consideramos, na sua grande maioria, destinados ao consumo rápido e que, como tal, cansam até dizer "chega"! Exceptuem-se aqui alguns do seu primeiro Lp e "Portugal", do segundo, que são, quanto a nós, os melhor conseguidos. Terá este sido, no entanto, um concerto agradável para os(e as) teen-agers desmiolados presentes, que sempre se contentam com essas coisas. Se foi esse o objectivo dos Heróis do Mar, então conseguiram o que queriam. Se quizeram algo mais, então há muito que trabalhar, e que apagar na memória das pessoas. É que há pop e Pop, e de amores e paixões já todos estamos fartos.
no Infante de Sagres - Porto
Com uma assistencia que rondava as 500 pessoas, assistiu-se a um concerto que nunca chegou a ultrapassar o morno. Tal deveu-se, em grande parte, ao facto de tudo se ter passado num pavilhão enorme e cheio de luz diurna, após as 04 da tarde de um domingo.
Que se viu?
- Uma Sétima Legião que continua a desiludir, ao vivo, no Porto, que não consegue atingir o soberbo nível dos seus discos. Talvez por super-produção destes, talvez por desconcentração e infantilidade em demasia, talvez mesmo (o que não acreditamos) por não lhes ser possível melhor. Para se ser, é necessário também o querer. E dá a impressão que a Sétima Legião não quer, tal a disciplência que apresenta em palco, especialmente pelas partes dos gaitista-flautista e percussionista (?!). Há falhas que se aceitam em principiantes, mas não num grupo que é tido (e por nós também) como um dos bons representantes da nova música portuguesa. Que a Sétima Legião medite, e se assuma finalmente na sua verdadeira dimensão.
-Uns Heróis do Mar profissionalíssimos, que impressionaram mais pela força e vida postas na execução dos temas, que pelos temas em si, que consideramos, na sua grande maioria, destinados ao consumo rápido e que, como tal, cansam até dizer "chega"! Exceptuem-se aqui alguns do seu primeiro Lp e "Portugal", do segundo, que são, quanto a nós, os melhor conseguidos. Terá este sido, no entanto, um concerto agradável para os(e as) teen-agers desmiolados presentes, que sempre se contentam com essas coisas. Se foi esse o objectivo dos Heróis do Mar, então conseguiram o que queriam. Se quizeram algo mais, então há muito que trabalhar, e que apagar na memória das pessoas. É que há pop e Pop, e de amores e paixões já todos estamos fartos.
2º CONCURSO DE MÚSICA MODERNA
Há que, antes de tudo o mais, muito louvar esta iniciativa dos responsáveis pelo Rock Rendez Vous. Pelo que ela significa, pelo que possa mexer com os novos grupos, pelas oportunidades que lhes oferece de se mostrarem.
De qualquer modo, diga-se já que não há rosa sem espinhos. E este concurso, rosa no seu todo, também alguns espinhos teve.
O método: dividiremos este texto em três partes, quantas as fases do concurso. Assim:
1 - ESCOLHA DAS 24 BANDAS PARA AS 8 ELIMINATÓRIAS - Essa escolha só veio confirmar tudo o que se possa pensar da falta de informação (e, mais grave, da vontade de a ter) que existe em Lisboa sobre bandas novas que não sejam específicamente alfacinhas. Seja-se capital, mas ao menos saiba-se ser! Não seja só a periferia a saber o que se passa no centro. Este, para o ser convenientemente, para o merecer ser, necessita de estar informado sobre o que à sua volta se passa. E isto especialmente, se promove concursos que pretendem ter um âmbito nacional.
De tudo isto resulta que se tenham cometido uns quantos erros quando do apuramento daqueles que iriam mostrar os seus encantos, defeitos e virtudes, à sala já tida como catedral da música rock em Portugal. Talvez o maior de todos eles tenha sido deixar de fora os excelentes Neo-Mono-Var. Mas, também, quem os conhecia? A sala da Cruz Vermelha está tão longe...
2 - APURAMENTO, DURANTE 8 TARDES DE DOMINGO, DOS 6 FINALISTAS - Relativamente a esta fase muito pouco podemos falar, porque a nenhuma das sessões tivemos o prazer de assistir. Não deixa de, no entanto, ser assinalável que consideramos os Pop Dell Arte, banda não apurada para a final, bem acima de parte dos agrupamentos seleccionados. E se, como lemos já em respeitáveis publicações, a vitória no RRV devesse pertencer à alegria, diga-se que o foi por forma bem triste, pois alegria, alegria, só os Pop Dell Arte nos conseguiram transmitir na tarde de domingo em causa. E não foram os únicos a tentá-lo!
Aproveite-se a deixa para afirmar que é, hoje, perfeitamente injusta uma referencia que a este contagiante grupo lisboeta foi feita no primeiro número de "Confidencias no Exílio". Mas também se deve dizer que tal referencia (como nos esclareceu a autora do artigo) teve lugar relativamente a uma fase anterior de tal projecto. A formação era diferente, os alicerces outros. Mesmo, entretanto, devem ter havido alguns ensaios... e o resultado está à vista: foram, para nós, uma das grandes surpresas da tarde. A positiva.
3 - A FINAL - A outra grande surpresa (a negativa) foram os T.H.C. e é pena que assim tenha sido.
Pelo que tínhamos lido antes, pensávamos ir assistir a algo de diferente com este grupo. Rotundo engano. Chegou mesmo a custar ver um dos mais criativos bateristas portugueses "desdobrar" daquela forma coisas tão simples e pouco imaginosas, que também podiam ter sido programadas, como os ritmos base sobre os quais se efectuaram as tais "desdobragens". Os baixos, gravados, também não soaram a a nada de especial. Interessantes poderiam ter sido as guitarras. Os metais, idem. Mas o resultado geral foi, verdade seja dita, fraco. Não basta ser bem tocado. A ideia com que ficámos foi que o que ali estava mal era o conjunto. Qualquer coisa faltou, talvez sentimento de grupo. E vocalista. Já em Vodka Laranja era, no mínimo, sofrível. Em T.H.C., o mesmo se pode dizer. E o visual...
O mais aborrecido é que não conseguimos, em T.H.C., descortinar a tal originalidade que muitos apregoaram. Será ignorância da nossa parte? Ou será que o funky que já há uns anos os ingleses andam a fazer (chamam-lhe "branco") é de todos desconhecido? Desculpem-me tantas perguntas, mas não posso deixar de fazer uma outra: se não fossem aqueles os músicos, e fosse apresentado algo idêntico, quem teria falado de forma tão elogiosa desses T.H.C.? Tudo isto é muito infeliz, pois gostaríamos de ter aplaudido um grande vencedor. Coisas de concursos...
Grande vencedor que poderiam ter sido os Urb. Com uma bagagem técnica idêntica ou superior à dos T.H.C. apresentaram três temas bastante fortes (os dois últimos, especialmente), nos quais foi manifesta uma grande coesão e pormenores quase brilhantes por parte do baixista e baterista, mas especialmente por parte de José Maria, um grande guitarrista. O vocalista, se bem que não a um nível tão alto, mostrou-se no entanto à altura dos acontecimentos. Tinhamo-los já visto no I Ciclo de Novo Rock ao Vivo, e gostámos muito. A opinião manteve-se, se bem que lhes tenhamos notado certas diferenças, algumas delas fruto do amadurecimento. A via seguida é, ainda, a da força do desencanto, agora aliada, por vezes, a linhas mais dançáveis (talvez estas os possam prejudicar um pouco, porque não nos parecem muito naturais...). Mas são uma grande banda, sem dúvidas.
Projecto Azul, linhas melódicas suaves e bem conseguidas, se bem que um pouco cansativas, com o andar dos temas. Em todo o caso, um projecto bem azul e bem-vindo à nova música portuguesa. O seu único intérprete, senhor de dotes técnicos de monta, pode bem, ao lado de uma certa curiosidade e simpatia, ter beneficiado de uma sensação de segurança que é sempre bom observar. Apesar de tudo, duvidamos um pouco das possibilidades deste projecto poder aguentar um concerto inteiro sem se tornar enfadonho, maçador. Talvez tal óbice possa ser ultrapassado através do recurso a outras pessoas, que funcionem a título visual e complementar. Aguardemos.
Prece-Oposto, a única presença do Porto. Foi esta a terceira vez que os observamos e foi, sem dúvida, aquela em que foram menos felizes, o que não quer dizer que não tenham estado num nível de considerável relevo. Tiveram logo de início problemas com a guitarra, o que não os terá deixado dar o seu melhor. Foram, ainda assim, um grupo em toda a acepção da palavra, com força, melodia, sentimento e talento suficiente para impressionar boa parte da plateia. Apenas o teclista nos pareceu algo deslocado. No final da sua actuação, algo nos pareceu ficar no ar, não tendo sido em vão as suas palavras, e a beleza do som obtido. Ficamos com a certeza de que, no Porto, nasceu mais um excelente grupo. A sua pontuação foi, quanto a nós, um pouco injusta, pois mereciam um pouco mais.
Em quinto lugar classificaram-se os Radar Kadafi, os piores de toda esta final, em nossa opinião. Apresentaram um único tema com princípio, meio e fim, no qual manifestaram uma atitude poliglota. Não são, apesar disso, grupo para desprezar desde já. Assim, se conseguirem elaborar os restantes temas como o fizeram para o já referido, talvez consigam alcançar um nível razoável.
Os últimos, Linha Geral de seu nome, surpreenderam-nos favorávelmente. Influenciados pela moderna corrente "revolucionarista pró-Leste", actualmente muito em voga no sul da Europa, conseguiram córos dignos de realce. Aliás, Ficou-nos a sensação de que o melhor do grupo são as partes vocais. O baterista prejudicou-os um pouco, bem como a necessidade de o principal vocalista tocar e cantar ao mesmo tempo, o que fez com que, algumas das vezes, a sua guitarra tivesse soado desafinada. Um grupo a ter em conta, depois de alguns ensaios mais, que terá sido, tal como Prece-Oposto, injustamente pontuado.
E para o ano haverá mais, esperando-se que, então, o grupo que ganhe seja realmente um dos novos. É para eles que o concurso existe!
Nota - Tudo o que se falou sobre estes grupos teve em conta que, todos eles, estão no início e apenas deram, na maior parte dos casos, 3 ou 4 concertos. Tudo o que se disse teve também a ver com as possibilidades de evolução que cada um deles possa vir a ter, e que só serão possíveis mediante muitos ensaios e concertos ao vivo. Uma apreciação definitiva só daremos no futuro. Mas temos esperança, pelo que vimos. E que seja muito positiva.
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º T.H.C. 161 pontos
2º Urb 152 pontos
3º Proj. Azul 148 pontos
4º Prece-Oposto 144 pontos
5º Radar Kadafi 132 pontos
6º Linha Geral 113 pontos
Originalidade: Pop Dell Arte
Escreveu: E.P.
Fotografou (Urb): L.F.
Há que, antes de tudo o mais, muito louvar esta iniciativa dos responsáveis pelo Rock Rendez Vous. Pelo que ela significa, pelo que possa mexer com os novos grupos, pelas oportunidades que lhes oferece de se mostrarem.
De qualquer modo, diga-se já que não há rosa sem espinhos. E este concurso, rosa no seu todo, também alguns espinhos teve.
O método: dividiremos este texto em três partes, quantas as fases do concurso. Assim:
1 - ESCOLHA DAS 24 BANDAS PARA AS 8 ELIMINATÓRIAS - Essa escolha só veio confirmar tudo o que se possa pensar da falta de informação (e, mais grave, da vontade de a ter) que existe em Lisboa sobre bandas novas que não sejam específicamente alfacinhas. Seja-se capital, mas ao menos saiba-se ser! Não seja só a periferia a saber o que se passa no centro. Este, para o ser convenientemente, para o merecer ser, necessita de estar informado sobre o que à sua volta se passa. E isto especialmente, se promove concursos que pretendem ter um âmbito nacional.
De tudo isto resulta que se tenham cometido uns quantos erros quando do apuramento daqueles que iriam mostrar os seus encantos, defeitos e virtudes, à sala já tida como catedral da música rock em Portugal. Talvez o maior de todos eles tenha sido deixar de fora os excelentes Neo-Mono-Var. Mas, também, quem os conhecia? A sala da Cruz Vermelha está tão longe...
2 - APURAMENTO, DURANTE 8 TARDES DE DOMINGO, DOS 6 FINALISTAS - Relativamente a esta fase muito pouco podemos falar, porque a nenhuma das sessões tivemos o prazer de assistir. Não deixa de, no entanto, ser assinalável que consideramos os Pop Dell Arte, banda não apurada para a final, bem acima de parte dos agrupamentos seleccionados. E se, como lemos já em respeitáveis publicações, a vitória no RRV devesse pertencer à alegria, diga-se que o foi por forma bem triste, pois alegria, alegria, só os Pop Dell Arte nos conseguiram transmitir na tarde de domingo em causa. E não foram os únicos a tentá-lo!
Aproveite-se a deixa para afirmar que é, hoje, perfeitamente injusta uma referencia que a este contagiante grupo lisboeta foi feita no primeiro número de "Confidencias no Exílio". Mas também se deve dizer que tal referencia (como nos esclareceu a autora do artigo) teve lugar relativamente a uma fase anterior de tal projecto. A formação era diferente, os alicerces outros. Mesmo, entretanto, devem ter havido alguns ensaios... e o resultado está à vista: foram, para nós, uma das grandes surpresas da tarde. A positiva.
3 - A FINAL - A outra grande surpresa (a negativa) foram os T.H.C. e é pena que assim tenha sido.
Pelo que tínhamos lido antes, pensávamos ir assistir a algo de diferente com este grupo. Rotundo engano. Chegou mesmo a custar ver um dos mais criativos bateristas portugueses "desdobrar" daquela forma coisas tão simples e pouco imaginosas, que também podiam ter sido programadas, como os ritmos base sobre os quais se efectuaram as tais "desdobragens". Os baixos, gravados, também não soaram a a nada de especial. Interessantes poderiam ter sido as guitarras. Os metais, idem. Mas o resultado geral foi, verdade seja dita, fraco. Não basta ser bem tocado. A ideia com que ficámos foi que o que ali estava mal era o conjunto. Qualquer coisa faltou, talvez sentimento de grupo. E vocalista. Já em Vodka Laranja era, no mínimo, sofrível. Em T.H.C., o mesmo se pode dizer. E o visual...
O mais aborrecido é que não conseguimos, em T.H.C., descortinar a tal originalidade que muitos apregoaram. Será ignorância da nossa parte? Ou será que o funky que já há uns anos os ingleses andam a fazer (chamam-lhe "branco") é de todos desconhecido? Desculpem-me tantas perguntas, mas não posso deixar de fazer uma outra: se não fossem aqueles os músicos, e fosse apresentado algo idêntico, quem teria falado de forma tão elogiosa desses T.H.C.? Tudo isto é muito infeliz, pois gostaríamos de ter aplaudido um grande vencedor. Coisas de concursos...
Grande vencedor que poderiam ter sido os Urb. Com uma bagagem técnica idêntica ou superior à dos T.H.C. apresentaram três temas bastante fortes (os dois últimos, especialmente), nos quais foi manifesta uma grande coesão e pormenores quase brilhantes por parte do baixista e baterista, mas especialmente por parte de José Maria, um grande guitarrista. O vocalista, se bem que não a um nível tão alto, mostrou-se no entanto à altura dos acontecimentos. Tinhamo-los já visto no I Ciclo de Novo Rock ao Vivo, e gostámos muito. A opinião manteve-se, se bem que lhes tenhamos notado certas diferenças, algumas delas fruto do amadurecimento. A via seguida é, ainda, a da força do desencanto, agora aliada, por vezes, a linhas mais dançáveis (talvez estas os possam prejudicar um pouco, porque não nos parecem muito naturais...). Mas são uma grande banda, sem dúvidas.
Projecto Azul, linhas melódicas suaves e bem conseguidas, se bem que um pouco cansativas, com o andar dos temas. Em todo o caso, um projecto bem azul e bem-vindo à nova música portuguesa. O seu único intérprete, senhor de dotes técnicos de monta, pode bem, ao lado de uma certa curiosidade e simpatia, ter beneficiado de uma sensação de segurança que é sempre bom observar. Apesar de tudo, duvidamos um pouco das possibilidades deste projecto poder aguentar um concerto inteiro sem se tornar enfadonho, maçador. Talvez tal óbice possa ser ultrapassado através do recurso a outras pessoas, que funcionem a título visual e complementar. Aguardemos.
Prece-Oposto, a única presença do Porto. Foi esta a terceira vez que os observamos e foi, sem dúvida, aquela em que foram menos felizes, o que não quer dizer que não tenham estado num nível de considerável relevo. Tiveram logo de início problemas com a guitarra, o que não os terá deixado dar o seu melhor. Foram, ainda assim, um grupo em toda a acepção da palavra, com força, melodia, sentimento e talento suficiente para impressionar boa parte da plateia. Apenas o teclista nos pareceu algo deslocado. No final da sua actuação, algo nos pareceu ficar no ar, não tendo sido em vão as suas palavras, e a beleza do som obtido. Ficamos com a certeza de que, no Porto, nasceu mais um excelente grupo. A sua pontuação foi, quanto a nós, um pouco injusta, pois mereciam um pouco mais.
Em quinto lugar classificaram-se os Radar Kadafi, os piores de toda esta final, em nossa opinião. Apresentaram um único tema com princípio, meio e fim, no qual manifestaram uma atitude poliglota. Não são, apesar disso, grupo para desprezar desde já. Assim, se conseguirem elaborar os restantes temas como o fizeram para o já referido, talvez consigam alcançar um nível razoável.
Os últimos, Linha Geral de seu nome, surpreenderam-nos favorávelmente. Influenciados pela moderna corrente "revolucionarista pró-Leste", actualmente muito em voga no sul da Europa, conseguiram córos dignos de realce. Aliás, Ficou-nos a sensação de que o melhor do grupo são as partes vocais. O baterista prejudicou-os um pouco, bem como a necessidade de o principal vocalista tocar e cantar ao mesmo tempo, o que fez com que, algumas das vezes, a sua guitarra tivesse soado desafinada. Um grupo a ter em conta, depois de alguns ensaios mais, que terá sido, tal como Prece-Oposto, injustamente pontuado.
E para o ano haverá mais, esperando-se que, então, o grupo que ganhe seja realmente um dos novos. É para eles que o concurso existe!
Nota - Tudo o que se falou sobre estes grupos teve em conta que, todos eles, estão no início e apenas deram, na maior parte dos casos, 3 ou 4 concertos. Tudo o que se disse teve também a ver com as possibilidades de evolução que cada um deles possa vir a ter, e que só serão possíveis mediante muitos ensaios e concertos ao vivo. Uma apreciação definitiva só daremos no futuro. Mas temos esperança, pelo que vimos. E que seja muito positiva.
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º T.H.C. 161 pontos
2º Urb 152 pontos
3º Proj. Azul 148 pontos
4º Prece-Oposto 144 pontos
5º Radar Kadafi 132 pontos
6º Linha Geral 113 pontos
Originalidade: Pop Dell Arte
Escreveu: E.P.
Fotografou (Urb): L.F.
ENTREVISTA
Prece-Oposto
Uma semana depois da final do 2ºCMM. Porto, num café. Frente a frente "Confidencias do Exílio" e Prece-Oposto. As perguntas e as respostas:
P: Final do RRV: 4º lugar. Que comentários?
R: Foi a opinião de um júri constituído por várias pessoas ligadas à comunicação social e outras, todas elas de Lisboa, que seguiram o seu critério, que é, como qualquer outro, falível. De qualquer forma, gostaríamos de frizar que houve grande proximidade entre a nossa pontuação e a do 3º classificado (4 pontos em 235 possíveis).
P: Falaram em falibilidade de critérios. Na vossa opinião, terá esse júri falhado?
R: Não sabemos se falhou ou não, mas o que é certo é que o tipo de projecto em que o júri quiz apostar e fez ganhar é bem diferente do nosso. Nós nunca, de forma alguma, enveredaríamos por tal caminho. Logo, não poderíamos ter ganho.
P: Então qual, ou quais, dos presentes nas final, os projectos que se identificam com o vosso?
R: Aquele que consideramos mais próximo, em termos de atitude musical, talvez o dos Linha Geral. Também os Urb têm algo a ver connosco.
P: Como encaram, assim, o 6º e último lugar dos Linha Geral?
R: Isso só vem confirmar o que atrás dissemos sobre a linha de pensamento do júri.
P: A crítica não foi a melhor. Que podem dizer sobre isso?
R: Não ligamos muito a isso de críticas porque, em grande parte, para além de não passarem de subjectivas, não nos merecem a mínima credibilidade. Nelas descobrimos, umas vezes, opiniões manifestamente acintosas. Noutras revela-se uma ignorância total e, mesmo, ridícula.
P: Qual o balanço que fazem, então, da vossa participação neste concurso?
R: Achamos que ele era uma boa forma de mostrar a outro público o nosso trabalho. Não pretendíamos agradar a todos, mas conseguir agradar a alguns. A reacção do público foi, inclusivé, positiva, mesmo apesar de, sendo nós do Porto, quase ninguém se ter lá deslocado expressamente por nossa causa. Não levamos qualquer claque!... E tudo isso mesmo quando não estivemos no nosso melhor, especialmente devido a pequenos problemas técnicos. Por exemplo, ao fim de 10 segundos de actuação na final, e sem razão aparente, avariou-se-nos uma guitarra, o que nos causou, como é óbvio ( até porque só tínhamos três músicas para mostrar o que valemos), alguma perturbação, para além de dois ou três feed-backs.
P: Agradaram, consideram, mas a quem concretamente?
R: Para além de variadas pessoas nos terem vindo felicitar no fim da nossa actuação (algumas delas músicos como nós), agradámos especialmente aos responsáveis pelo Rock Rendez Vous, que nos convidaram mesmo para gravar um single para a sua etiqueta, a Dansa do Som.
P: Há já datas?
R: Será até ao final do ano...
Salvo um ou outro caso exemplar, tudo o que lemos sobre o final do concurso do RRV não passou de uma tentativa de fazer afirmar pontos de vista, nem que para tal fosse necessário desacreditar projectos válidos e coesos. E o mais grave é que são os ditos defensores dos mais novos os primeiros a tentar esmagá-los. Mas aguardemos o disco. Este é um projecto em que acreditamos.
Texto: J.C.S. / Foto: L.F.
Prece-Oposto
Uma semana depois da final do 2ºCMM. Porto, num café. Frente a frente "Confidencias do Exílio" e Prece-Oposto. As perguntas e as respostas:
P: Final do RRV: 4º lugar. Que comentários?
R: Foi a opinião de um júri constituído por várias pessoas ligadas à comunicação social e outras, todas elas de Lisboa, que seguiram o seu critério, que é, como qualquer outro, falível. De qualquer forma, gostaríamos de frizar que houve grande proximidade entre a nossa pontuação e a do 3º classificado (4 pontos em 235 possíveis).
P: Falaram em falibilidade de critérios. Na vossa opinião, terá esse júri falhado?
R: Não sabemos se falhou ou não, mas o que é certo é que o tipo de projecto em que o júri quiz apostar e fez ganhar é bem diferente do nosso. Nós nunca, de forma alguma, enveredaríamos por tal caminho. Logo, não poderíamos ter ganho.
P: Então qual, ou quais, dos presentes nas final, os projectos que se identificam com o vosso?
R: Aquele que consideramos mais próximo, em termos de atitude musical, talvez o dos Linha Geral. Também os Urb têm algo a ver connosco.
P: Como encaram, assim, o 6º e último lugar dos Linha Geral?
R: Isso só vem confirmar o que atrás dissemos sobre a linha de pensamento do júri.
P: A crítica não foi a melhor. Que podem dizer sobre isso?
R: Não ligamos muito a isso de críticas porque, em grande parte, para além de não passarem de subjectivas, não nos merecem a mínima credibilidade. Nelas descobrimos, umas vezes, opiniões manifestamente acintosas. Noutras revela-se uma ignorância total e, mesmo, ridícula.
P: Qual o balanço que fazem, então, da vossa participação neste concurso?
R: Achamos que ele era uma boa forma de mostrar a outro público o nosso trabalho. Não pretendíamos agradar a todos, mas conseguir agradar a alguns. A reacção do público foi, inclusivé, positiva, mesmo apesar de, sendo nós do Porto, quase ninguém se ter lá deslocado expressamente por nossa causa. Não levamos qualquer claque!... E tudo isso mesmo quando não estivemos no nosso melhor, especialmente devido a pequenos problemas técnicos. Por exemplo, ao fim de 10 segundos de actuação na final, e sem razão aparente, avariou-se-nos uma guitarra, o que nos causou, como é óbvio ( até porque só tínhamos três músicas para mostrar o que valemos), alguma perturbação, para além de dois ou três feed-backs.
P: Agradaram, consideram, mas a quem concretamente?
R: Para além de variadas pessoas nos terem vindo felicitar no fim da nossa actuação (algumas delas músicos como nós), agradámos especialmente aos responsáveis pelo Rock Rendez Vous, que nos convidaram mesmo para gravar um single para a sua etiqueta, a Dansa do Som.
P: Há já datas?
R: Será até ao final do ano...
Salvo um ou outro caso exemplar, tudo o que lemos sobre o final do concurso do RRV não passou de uma tentativa de fazer afirmar pontos de vista, nem que para tal fosse necessário desacreditar projectos válidos e coesos. E o mais grave é que são os ditos defensores dos mais novos os primeiros a tentar esmagá-los. Mas aguardemos o disco. Este é um projecto em que acreditamos.
Texto: J.C.S. / Foto: L.F.
AMENDOA AMARGA
A CRITICA AOS CRITICOS
(a seguir)
A CRITICA AOS CRITICOS
(a seguir)
...Et Caetera
(a seguir)
(a seguir)
NOVO ROCK EUROPEU
OS RESENTIDOS
(a seguir)
OS RESENTIDOS
(a seguir)
ECOS DA GÁLIA
(CONTRIBUIÇÕES PARA A LATINIDADE)
(a seguir)
(CONTRIBUIÇÕES PARA A LATINIDADE)
(a seguir)
WALL OF VOODOO
O ouro do Oeste
(a seguir)
O ouro do Oeste
(a seguir)
33x45
(a seguir)
(a seguir)
FOTOGRAFIA
imagens desalmadas... ou não?
(a seguir)
imagens desalmadas... ou não?
(a seguir)
pecado, virtude, ou seja lá o que for
- 1985: o desafio da pós-modernidade
(a seguir)
- 1985: o desafio da pós-modernidade
(a seguir)
Great Sex!
Don't let AIDS stop it.
(a seguir)
Don't let AIDS stop it.
(a seguir)
ARTE: «Roma e Pavia»
VER E FICAR POR LÁ
(a seguir)
VER E FICAR POR LÁ
(a seguir)
ROTEIROS - RÁDIO
(a seguir)
(a seguir)
O Rescaldo, o Combate e o Novo Movimento
UMA DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES
(a seguir)
UMA DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES
(a seguir)
Toda a transcrição dos textos respeita a grafia e as opiniões dos autores
Proudly powered by Weebly